O que é doença do refluxo gastroesofágico?
Trata-se uma doença crônica, recidivante, causada pelo do refluxo de líquidos do estôfago para esôfago e órgãos adjacentes. Este refluxo pode causar sintomas, provocar lesões nos tecidos e complicações que afetam a qualidade de vida das pessoas.
Qual a frequência da doença do refluxo?
Estudos avaliando grandes grupos populacionais realizados na Europa e Estados Unidos indicam prevalência de 23,7% e 28,8%, respectivamente. Na Ásia e países do leste do continente, apresentam menor incidência global, de 2,5 a 9,4%.
No Brasil, um estudo de prevalência realizado 2005 avaliou mais de treze mil pacientes e evidenciou a presença de sintomas em 11,8% da população.
Quais os principais sintomas da doença do refluxo?
As manifestações clínicas pode ser classificadas como típicas e atípicas, sendo as últimas categorizadas em esofágicas e extra esofágicas.
As manifestações típicas são pirose e regurgitação. Pirose é a sensação de queimação na região da boca do estômago, que irradia para o peito, que habitalmente ocorre após as refeições, especialmente quando volumosas ou ricas em gorduras. Regurgitação significa a sensação de retorno de conteúdo ácido à boca ou garganta.
As manifestações atípicas podem ser classificadas em esofágicas e extra esofágicas. As esofágicas são caracterizadas pela dor no peito não cardíaca e pelo globus faríngeo (sensação de “bola na garganta”). Entre as extra esofágicas, encontram-se os sinais e sintomas na boca: desgaste de esmalte dentário, halitose e aftas, de garganta: rouquidão, sinusite crônica, laringite posterior; e pulmonares: tosse crônica, asma, pneumonias de repetição.
A presença de sintomas de alarme, tais como dor e dificuldade para engolir, perda de peso, sangramento gastrointestinal, anemia crônica, náuseas e vômitos, além de idade acima de 40 anos e história familiar de câncer do trato gastrointestinal superior indicam maior risco complicações e necessidade de investigação antes do tratamento.
Como se faz o diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico
O diagnóstico fundamenta-se em avaliação detalhada da história clínica, incluindo tipo e características dos sintomas, como intensidade e frequência, fatores associados, desencadeantes e de melhora, a evolução ao longo do tempo e o impacto na qualidade de vida do paciente. Não devemos esquecer-nos de avaliar sobre os sintomas de alarme acima citados.
O diagnóstico presuntivo de DRGE pode ser estabelecido através do Teste Terapêutico quando sintomas típicos (pirose/regurgitação) estiverem presentes mais que duas vezes por semana, por um período de 4 a 8 semanas, sem quaisquer sintomas de alarme ou indicativo de complicações. A resposta clínica ao teste terapêutico confirma o diagnóstico de DRGE.
Quais os métodos diagnósticos para DRGE?
A endoscopia digestiva alta (EDA) é, geralmente, o primeiro exame a ser indicado na suspeita clínica de DRGE. É o método de escolha para avaliação da presença e da intensidade da esofagite erosiva, além de permitir a coleta de biópsias para estudo anatomopatológico. Apresenta boa especificidade, a vantagem de ser amplamente disponível e de fácil execução.
A endoscopia está sempre indicada na presença de sintomas de alarme, história familiar positiva para câncer de estômago e esôfago, além de pacientes com mais de 45 anos, aqueles com duração dos sintomas superior a 5 anos, sintomas refratários ou não responsivos ao tratamento com medicamentos, uma vez que é importante no diagnóstico diferencial com outras enfermidades, particularmente o câncer de esôfago.